Em Uma teoria da adaptação (2006), Linda Hutcheon conceitua o que ela denomina “modos de engajamento”, ou seja, a maneira como se dá a relação entre as produções artísticas e o público. Para ela, são três os modos: “contar”, “mostrar” e “interagir”. A primeira categoria envolve as linguagens artísticas verbais, como a literatura; a segunda abarca as obras imagéticas, como a pintura e o cinema; já a terceira diz respeito às manifestações artísticas que demandam envolvimento explicitamente ativo do público, como determinadas peças de teatro e o videogame, por exemplo. Pensar as produções artísticas a partir dessa estrutura conceitual estabelecida pela pesquisadora ajuda-nos a iluminar algumas perspectivas interpretativas não apenas sobre elas, mas também sobre essas produções, seu público e seu contexto de elaboração, tendo em vista que a relação dialética entre essa tríade (obra-público-contexto) propicia a permanente renovação das possibilidades formais dos diferentes gêneros artísticos. Pensando nisso é que propomos esta mesa temática, cujo principal objetivo consiste em traçar reflexões críticas sobre os profícuos diálogos estabelecidos entre a literatura e as diferentes mídias, visando ampliar, por um lado, o debate acerca das estratégias estéticas e dos aspectos ideológicos materializados em diferentes adaptações, além de, por outro, ressaltar a autonomia das diferentes linguagens por meio da desconstrução do conceito hierarquizante entre as distintas expressões artísticas